
Levar olhar para o engano.
O aristo, ( dialogo terno ),
segue a sua propria sombra,
distraido.
A passara-moira, pela ultima vez
bate as suas asas abertas,
fechadas, fechadas.
A quem se dirige a actriz ?
Ao mundo, penso eu, a cada um de nos em si.
« Tens vergonha pour eux, mon amour ? «,
repete Emanuelle Riva, num filme a preto e branco.
Desdobrada, ela espera que a venham libertar.
Pousada no meu peito uma joia de pano,
memorias cerzindo a seda ao tempo.
Dispo-me e caminho no quarto sem pudor algum.
Desalojar-te.
O que nao sai da parte de tràs do peito.
Arrancar o pé.
Nao ter medo de correr junto a ti.
Olhar o rio e nao ver o mundo que o envolve.
Estar absorta no piscar de olhos.
Passar ao lado de proposito.
Ver, ver, ver!
Fechar a boca.
Alargar o sorriso, despedaçar as lagrimas.
O mar solta na praia um pedaço de madeira,
forma de peixe, olho morto…
escamas alteradas e tumores em vez de guelras.
Sinto um cansaço naquele bicho imaginario,
uma quimera seca com a boca preta e o rabo cortado:
« - Que estranho ! disse, e lanço o pau às cegas".
(...)
extracto da peça:
"bem mais de dia que de noite"
Lidia
LM